
Já inicio este post de cara com a seguinte afirmação: Não sou Influenciadora Digital. E acredito que a grande maioria de vocês devem estar estranhando o título do texto e esta afirmação, e sei que será necessário uma explicação mais detalhada sobre isto, explicação esta, que venho desejando trazer num debate há algum tempo.
Para quem não sabe, e acredito que muitos não saibam, tenho formação superior em Licenciatura em História, e foi essa formação que me levou a diversas experiências na área da educação. Como professora de história, tive a oportunidade de ensinar meus alunos sobre os mais diversos temas e fatos históricos da humanidade, mas como educadora, que sou acima de tudo, pude estimulá-los a ter senso crítico, a desenvolver e formar opinião e não se deixarem ser levados pela multidão. A questionarem sua existência, e nunca tomarem nada como verdade absoluta, pois toda história possui mais de uma versão. O senso crítico é por vezes o que molda nosso caráter e o que nos faz distinguir o certo do errado, priorizando os valores éticos acima dos valores morais.
Enquanto historiadora, trabalhei os fatos históricos confrontando suas fontes, documentos, exatamente como aprendi com meus mestres na faculdade. Já enquanto educadora, meu papel nunca foi de manipulação ou de fazer com que as mentes que me assistiam diariamente na sala de aula, seguissem meus ideias, muito menos que tomassem incontestavelmente minha palavra como verdade. Pelo contrário, instiguei-os a serem questionadores, ao confronto de ideias, pois são essas discussões que formam a essência de um indivíduo com opinião própria.
Há alguns anos abri mão completamente da área de educação para investir e viver do Blog, mas antes disto, antes mesmo de poder imaginar que o Tagarelando Moda iria me render alguma coisa, lá trás, quando o iniciei e ainda estava em sala de aula, já carregava comigo para o Blog a minha essência de Educadora e Historiadora, acima de tudo.
A palavra influenciar possui mais sentidos do que se pode imaginar. Influenciar é induzir, manipular, inspirar, promover uma ação, controle, domínio, intervenção ou influencia sobre algo ou alguém.

O influenciador digital, a grosso modo de dizer, manipula (ou influencia) as escolhas de seu público, induzindo-os por meio de seu conteúdo e poder de fala. Porém o grande X da questão é: O que você comunica ao seu público? Seu poder de influencia é usado para benefício do seu público ou de você mesmo?
Meu objetivo com o Blog nunca foi influenciar pessoas a seguirem meticulosamente e sem questionamentos tudo o que compartilhava aqui e em minhas redes sociais. Na época, em 2014, vi nos blogs a oportunidade de me comunicar com outras pessoas, falando sobre temas que gosto e compartilhando conhecimentos meus que poderiam vir a ser úteis para essas pessoas. Neste período, pude perceber que muitos dos conteúdos produzidos eram bem egoístas, e não pensavam no perfil da mulher que trabalha e estuda, que não possui tanto tempo livre e muita renda, mas que ainda assim é vaidosa e busca ter acesso a uma moda e beleza acessíveis e que se encaixem em seu padrão social, padrão este que eu faço parte e muitas vezes não me encontrei nos Blogs de Moda e Beleza que compartilhavam looks com peças de lojas grifadas e completamente inacessíveis para mim, ou as infinitas comprinhas de beleza nas viagens internacionais. Estes mesmos blogs também careciam de debates e questionamentos que precisavam vir a tona, como os padrões de beleza impostos pela nossa sociedade e até por nós mesmas. Pelo contrário, eles alimentavam ainda mais negativamente temas como este. Logo, vi a oportunidade de abraçar temas que pudessem de fato pensar nas pessoas que estavam sendo esquecidas, e hoje, mais do que nunca, a minha maior preocupação com todo meu trabalho com o Tagarelando Moda como um todo (site e redes sociais) é de ser útil a quem me acompanha, desde a uma simples dica que vá servir a rotina destas pessoas, a um vídeo leve, que busque entretenimento e tornar o dia de alguém mais leve e feliz.
Por estes e outros motivos, e mesmo sabendo que, em seu sentido mais amplo da coisa, o termo “influenciador digital” pode ser utilizado para definir alguém que por meio da internet, direciona seu público a ter um consumo saudável de conhecimento, informação e coisas, ainda assim, não me refiro ao meu trabalho nem a mim como uma influenciadora digital. Não busco induzir, manipular ou encaminhar meu público a acreditar piamente em algo, busco promover o questionamento, o conflito, para que cada um seja capaz exercer sua opinião, mesmo que esta seja contrária a minha.
Por isto, sempre opto por usar os termos “comunicadora”, “criadora de conteúdo”, ou apenas blogueira, que apesar de muita gente não gostar, é uma das coisas que sou, por possuir um Blog, independente de produzir um conteúdo relevante ou não.
E se você chegou até aqui, e de algum modo está envolvido neste universo, que nomenclatura gosta de utilizar para definir seu trabalho?
Pra outros temas sobre este universo, confiram a categoria De Blogueira pra Blogueira.
Oi Lala, adorei o debate! Compartilho da mesma opinião que a tua. Também não me considero influenciadora digital, até porque eu não entrei aquí para influenciar ninguem e sempre deixei claro nas minhas publucações que meus textos são escritos de acordo com a minha opinião e não tenho problema nenhum com quem pensa diferente, principalmente os sobre sexo. Sobre a nomenclatura que uso, eu gosto muito de usar o “produtora de conteudo para internet”, eu usava o blogueira, mas como o nome ficou tao banalizado e ridicularizado que preferi não usar mais. Beijos!
http://www.priscilaaborda.com
Tu não tem noção da alegria que é te ter por aqui, Pri! Principalmente porque adoro teus conteúdos sobre sexo e a naturalidade como você os aborda, que afinal, deveria ser uma naturalidade que todos podiam exercer. Me surpreendo o quanto alguns temas são tão tabus em pleno sexo 21, e como isto cria um retrocesso e abismo ainda maior em nossa sociedade. Lembro-me da minha infância e adolescência e o quanto qualquer tema relacionado a sexo não podia ser mencionado sob hipótese alguma, e que todas as vezes que eu ou qualquer uma de minhas amigas buscavam informação, recorríamos a internet, que na época era escassa e com quase nenhum conteúdo que de fato fosse educativo, deixando muitas das jovens completamente a mercê de informação e fazendo MUITA burrada por falta de conhecimento. Precisamos de mais blogs como o seu, mas não apenas com foco em educação sexual, mas também para falar abertamente sobre temas variados entre mulheres adultas e experientes que queiram ler mais sobre o assunto.
Sério, nunca pare de produzir conteúdos assim <3
Beijo grande e saudade de ti 🙂
Lais, que coisa boa ler esse teu texto, me identifico demais! Também não me considero uma influenciadora digital, nem tenho esse objetivo. Me considero blogueira, por ter meu blog e compartilhar conteúdos nele, tendo aquele espaço como meu lugar para dividir experiências. Apesar de também ter me formado professora (e exercer a profissão), isso é que me mantém blogueira até hoje, esse gosto por dividir.
Adoro teus conteúdos, tu é massa demais!
Muito bom te encontrar por aqui também, Ray, e claro, ter tua opinião compartilhada 🙂
Percebo que o termo surgiu em muitos momentos para denominar o trabalho de quem produz conteúdo para a internet e faz disto sua profissão, afinal, se levarmos o termo blogueira ao pé da letra, blogueira é quem possui um blog, e hoje há uma infinidade de gente que cria conteúdos em outros veículos, que não necessariamente são blogs. Mas prefiro mil vezes o “criador/produtor de conteúdo” do que influenciador digital. Sou bem apegada aos sentidos das palavras, e acredito que uma palavra pode destruir completamente algo, dependendo do seu sentido, portanto achei o termo “influenciador” muito infeliz. Mas há quem se identifique, goste e use, e confesso que adoraria ouvir a opinião de alguém que usa esse termo, por aqui 🙂
Obrigada pela participação e beijo grande em tu <3
Meu Deus do céu! É tão bom não me sentir sozinha! Blogar sempre foi compartilhar para mim. E como sou formada e atuo com comunicação, sempre tenho dificuldade de aceitar o rótulo de que “digital influencer” os the “new blogger”. E uma coisa independe totalmente da outra, ainda mais agora que o mercado está fervendo também. O mercado surgiu, cresceu e ainda assim, não parece ter parado para entender o impacto que está gerando. Esse modo de influenciar que faz a roda girar agora, vai cansar em determinado momento. Pegando do princípio de que Blogar é compartilhar gostos, opiniões, vivências, sonhos e também pode ser sim, um trabalho, mas que em sua maioria é feito de forma bem mais séria, em comparação ao trabalho de “digital influencer”, mesmo quando não atende a real demanda da nossa realidade. Minha principal profissão é escritora, e isso vem da minha base de formação. Sou criadora de conteúdo, seja ele em formato de livros de ficção ou com pequenas legendas para minhas fotos no Instagram. Eu vendo meus próprios produtos, vendo o meu espaço, mas certamente não consigo acompanhar esse ritmo e essa loucura desenfreada que o mercado precisa. As vezes o nosso trabalho se torna até mais solitário por isso. Jabás, convites bacanas e até publi posts se perdem, mas o mais importante é que não perdemos a essência. Adonirã muito quem começou tem anos e cresceu, transformou o ato de blogar em trabalho, se adaptou as novas redes e não deixou de ser quem realmente é; apenas uniu ainda mais o útil ao agradável. Além do mais, acho o termo “influenciador digital” até pejorativo. Pq influenciar na internet, todos podemos, mas o influenciador digital, em sua maioria muitas vezes se vê preso naquele formato que lhe é exigido. Não são todos os casos, mas boa parte deles, infelizmente.
Enfim, eu poderia passar horas escrevendo sobre isso, mas só o fato de saber que esse meu sentimento não é diferentão, já valeu. Excelente post! Ficarei de olho no seu conteúdo!
Agora eu que repito tua frase: É tão bom não me sentir sozinha! Este era um debate que eu já havia explorado de forma mais pincelada e bem por cima em meus stories, meses atrás, mas senti uma necessidade urgente de explanar melhor, e assim surgiu este post aqui e os infinitos vídeos ontem, nos stories (rsrs) Eu jurava que a grande maioria das pessoas que lessem e fossem do meio, seriam contrárias as minhas ideias, justamente pelo termo ter se popularizado tão rápido e tanta gente utilizá-lo, e confesso que fiquei MUITO surpresa, mas acima de tudo feliz, em saber que mais pessoas pensam e se sentem como eu. Foi um prazer imenso ler seu comentário, e te ter por aqui Mirela, muito obrigada por dividir sua opinião 🙂