Post por Steffany Neves ( instagram @stterh8)
Minha infância toda foi pedindo a minha mãe para alisar o cabelo, e ela sempre negando.
Eu via seu cabelo liso e queria ter o cabelo igual o dela, então passei a insistir constantemente, foi quando ela acabou deixando e eu dei a primeira progressiva aos 10 anos de idade.
Chegou um período da minha vida que eu não queria ir mais ao salão, mas não via outra forma do meu cabelo ficar “bonito” se não fosse dando a química.
Foto antes da transição capilar
Vi muitas amigas minhas passando pela transição, mas eu não tinha coragem de passar por tudo aquilo.
Até que no começo do ano de 2016 eu não aguentava mesmo ir ao salão, passar toda aquela química no meu cabelo e sair com a cabeça toda dolorida. Comecei a ir com o cabelo molhado pra escola, justamente porque eu não estava me sentindo bem dando escova e chapinha; além do calor, sentia aquele cheiro de queimado em mim e passei a evitar abraçar as pessoas.
À partir daí decidi passar pela transição capilar, mesmo não sabendo como lidar, e sem conhecer técnica nenhuma.
Costumo dizer que a transição é muito dolorosa, não é fácil ficar com duas texturas no cabelo, mas também é uma preparação para se acostumar a ouvir muitas críticas e não ligar pra elas, estar decidida do que você quer.
Preciso confessar que sempre fui de ir pelos outros, tudo que eu fazia em mim era pensando se as pessoas iriam gostar. Portanto, passar pela transição me ensinou a ter amor próprio, pensar primeiramente em mim.
Durante a transição capilar, cabelo com e sem “bigudim”
Do primeiro mês até o sexto eu apenas amassava as pontas e saía com duas texturas; do sexto mês até um ano eu comecei a enrolar com bigudim.
Os bigudins foram minha salvação: Eu lavava, pegava mecha por mecha, passava creme e um pouco de gel nas pontas, dormia com o bigudim e só tirava quando saia.
Dia 15 de dezembro completei um ano de transição, e a coragem de cortar? Não vinha!
Mas, dia 23 de dezembro fui arrumar como de costume, lavei o cabelo, separei os bigudins, quando vi a tesoura pensei:
“Quer saber? vou cortar logo isso”.
Juntei as pontas do meu cabelo e cortei tudo de uma vez pra não desistir. Quando terminei de cortar veio uma mistura de sensações:
Me senti livre, ao mesmo tempo veio um desespero, me sentia feia, não sabia o que fazer.
Fiquei com vergonha de sair de casa.
No dia seguinte era véspera de Natal, pedi pra minha tia escovar, pois ainda não me sentia bem, porque não era o que eu queria.
Passei uma semana em casa só cuidando do cabelo, assim que cortei ele ficou muito seco, parecia até que eu não cuidava dele durante a transição. Comecei a sair com ele natural para acostumar.
Ouvi muitas críticas, mas também muitos elogios, pensei em desistir muitas e muitas vezes, mas tive amigas que me apoiaram muito, sempre me incentivando e dizendo:
“Vai amiga, tu consegue, vai ficar linda!”
Na escola recebi um apelido que achei bastante carinhoso, as meninas me chamavam de “transição”.
Eu agradeço muito a cada pessoa que me apoiou durante a fase mais difícil da minha vida.
Fazem 2 meses que fiz o BC e tenho um amor enorme pelos meus cachos.
Estou aqui para dizer que vale muito a pena, ver os cachinhos crescerem é a melhor sensação, e hoje só me arrependo de não ter feito isso antes.
É libertador, é MARAVILHOSO!
Após a transição capilar
Muitas pessoas faziam e fazem algumas perguntas como:
“Tu deixou natural por que tá na moda?”
Eu não deixei meu cabelo natural porque é moda ou porque quero chamar atenção, mas sim porque eu queria assumir minhas raízes, eu não queria mais insistir em uma “beleza” que não era minha!
Estou feliz com meu cabelo do jeito que está.
E como sempre digo:
“Não importa o que falam, fique do jeito que você se sinta bem, seja dando química ou não, todas as texturas de cabelo tem a sua beleza”.